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Acarajé é Patrimônio Imaterial do Rio de Janeiro. Isso é bom ou ruim?

Fica parecendo que o Rio de Janeiro está querendo se apropriar de um bem cultural da Bahia, mas a intenção é proteger a forma de fazer uma iguaria que teve primeiro registro antes do século VII, no Oriente Médio.
 
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Acarajé é Patrimônio Imaterial do Rio de Janeiro.
Por Miguel Brusell
Imagens: Gabriela Simões
 
Segundo o Wikipédia, o Acarajé do jeito que conhecemos hoje teve origem entre o povo Iorubá, da África Ocidental, mais precisamente na região do Togo, Benim, Nigéria e Camarões. Os árabes levaram o faláfel, que era um bolinho de favas secas e grão de bico frito para a África em diversas incursões entre os séculos VII e XIX. As favas secas e grão de bico do faláfel foram substituídos pelo feijão-fradinho na África.
 
No começo do século XVII, a palmeira africana da qual se extrai o Azeite de Dendê foi introduzida no Brasil junto com outros ingredientes. Pelo final do século XVIII, os pratos africanos já eram vendidos nas ruas da Bahia. Também no final do século XVIII, começa a se organizar comunidades religiosas de origem nagô e ioruba. Onde havia orixás, havia oferendas de alimento, pois é assim que os africanos dialogam com seus orixás.

 
Sem dúvidas, a Bahia foi a grande divulgadora, para todo o Brasil, do bolinho de fogo vindo da África. Tanto assim, que as vendedoras da iguaria são chamadas, em todo o Brasil, de Baiana do Acarajé que também é o símbolo do Estado. Na Bahia, apesar da venda ter sido regulamentada por decreto municipal em Salvador em 1998, definindo normas para a indumentária, tabuleiro e localização, o Acarajé não é Patrimônio Imaterial e não existe uma LEI estadual que normatize a forma de fazer.

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O bolinho de fogo frito no Azeite de Dendê.
Antes do Rio de Janeiro, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) já considera o Acarajé Patrimônio Cultural Imaterial da humanidade desde 2003. A criação de uma lei, torna a produção e a comercialização do Acarajé patrimônios de valor histórico e cultural, protegendo contra alteração no sabor, modo de preparo e forma de venda.
 
Aqui na Bahia fica a sede da ABAM NACIONAL que é Associação das Baianas de Acarajé e Mingau, que segue esperando que a Lei que protege o Acarajé seja regulamentada, como no Rio de Janeiro.
 
Com Baianas populares no metrô de Botafogo, na Tijuca, Ipanema e Copacabana, só para citar algumas da capital e também em Niterói, Itaipú, Icaraí, Praia de Itacoatiara, a ABAM do Rio tem cerca de 300 associadas e tem sua sede em Bento Ribeiro, zona norte da capital.

 
A unidade fluminense é a segunda fundada no País e a intenção é que a unidade da Bahia se torne uma federação, ampliando sua rede de apoio às baianas. “A função da associação é prestar apoio para as baianas, não só as de acarajé e tabuleiro, mas também as de terreiro. Somos patrimônio cultural do País, precisamos dar continuidade à cultura. É preciso entender que a baiana de acarajé e tabuleiro não é um ambulante qualquer”, afirma Cláudia Piton, uma das coordenadoras da ABAM-RJ.

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Acarajé com camarão e salada.
Feito apenas com feijão fradinho, cebola, sal e frito no Azeite de Dendê fervente, não é à toa que esse misterioso bolinho tem a cor e a temperatura do fogo. O acarajé é um alimento sagrado, oferecido a Oyá, também conhecida como Iansã, a deusa africana que controla os ventos, as tempestades, os relâmpagos e tem poder sobre o fogo. Na religião dos orixás, os homens dialogam com seus deuses através dos sacrifícios e oferendas de alimentos. O akará é um deles e veio parar no Brasil através dos escravos africanos iorubás.
 
No Brasil colonial, acarajés, abarás e carurus, entre outros pratos, eram vendidos nas ruas em tabuleiros, que as escravas de ganho equilibravam sobre suas cabeças, enquanto iam cantando pregões para atrair a freguesia. “O acará jé ecó olailai ô”. Pregão que era um convite aos fregueses; “Venha comer (jé) a sua iguaria (acará).

 
Com o que conseguiam juntar, muitas até conseguiram comprar a própria liberdade. Corajosas, independentes e empreendedoras, as baianas foram aos poucos arriando seus tabuleiros e se fixando em pontos estratégicos da cidade. Montar um tabuleiro para vender quitutes na rua, típico hábito africano, passou a significar, cada vez mais, a garantia do sustento da família. Além do preço acessível, do sabor delicioso e das qualidades nutricionais do bolinho de feijão, a simpatia das baianas sempre foi um tempero a mais, ajudando a conquistar uma freguesia cativa. E o Akará virou Acarajé.

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