Masterclass Vinífera apresenta Chianti, mais que um vinho, uma DOCG pulsante da Toscana, o coração da Itália
A
experiência realizada na Casa do Comércio, apresentou o vinho mais icônico da
Toscana, que tem fama na região desde antes do século XIII, cuja a Denominação
de Origem tem história desde a metade do Século XVII e está entre as primeiras
do mundo.
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Masterclass Vinífera apresenta Chianti. |
Imagens: Gabriela Simões
O Masterclass Vinífera na Taça teve a condução da sommelier e educadora Esmeralda Stallone, as participações do embaixador da Vinífera na Bahia, Luciano Brandão, e do CEO, Marco Stallone, grande conhecedor da história e dos terroirs italianos. Mas, para entender sobre o que estou falando, é preciso virar a chave. Trocar a perspectiva sobre vinho a que estamos acostumados. Como parte das américas, a nossa cultura de valorizar o vinho é através das uvas. Desta maneira, é bem mais fácil para o marketing americano vender o “produto”. Valorizamos e conhecemos bem mais as castas francesas como a Cabernet Sauvignon, Malbec, Marlot, Syrah, Carmenere, Tanath, Pinot Noir, para os tintos; Sauvignon Blanc, Chardonay e Riesling para os brancos.
Na nossa cultura, o país onde são cultivadas as uvas são mais importantes que as regiões, quando já é famoso pela boa produção de uma determinada variedade, como a Argentina com o Malbec, o Uruguai com o Tanath, o Chile com o Carménère e o Brasil com a Syrah. Na cultura europeia de valorização dos vinhos, a região onde ele é produzido é muito mais importante do que a espécie da uva com que é produzido.
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Mais de sete mil vinhedos da Toscana produzem o Chianti. |
O
Chianti é produzido com cerca de 80% de uvas Sangiovese e o restante de
Canaiolo, ambas tintas. Mais de sete mil vinhedos espalhados pelas Províncias
de Florença, Siena, Arezzo, Pistoia e Prato fazem parte dessa Denominação de
Origem. Alguns deles são produzidos sob Denominazione d'Origine Controlatta e Garantita
(DOCG), que é uma graduação italiana, no topo da DOC internacional.
A origem dessa DOC remete a uma hitória de meados do século XVII que envolve o Galo Preto do gargalo da garrafa, que marcam os vinhos Chianti. Segundo a história, por séculos, disputas quanto à extensão territorial envolvendo as cidades de Siena e Firenze (Florença) alcançaram também a denominação dos vinhos Chianti. A fim de resolver essa questão, foi proposta a realização de uma prova para a delimitação das fronteiras.
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Chianti nasce de uma corrida assim que o galo cantasse. |
O galo de Firenze acordou mais cedo, pois tinha fome, e cantou antes do galo de Siena fazendo com o que o cavaleiro de Firenze tivesse boa vantagem. Essa vantagem fez com que os cavaleiros se encontrassem já bem perto de Siena e, como consequência, a cidade de Firenze conquistou um território maior que a vizinha. Dizem que essa disputa também levou para Firenze a exclusividade do nome Chianti que é representada nas garrafas por um galo negro.
Além
de quatro vinhos Chianti, experimentamos mais três rótulos da região, mas que
não fazem parte da denominação de origem. O primeiro, foi o vinho de entrada Rosso
Sangiovese Martoccia di Montalcino 2022, produzido pela vinícola Martoccia. Tem
história rica e fascinante desde 1300, este vinho é um verdadeiro tesouro da região
de Montalcino, na Toscana.
A
vinícola Martoccia é uma das mais antigas da região e tem uma longa tradição de
produzir vinhos de alta qualidade. O Rosso Sangiovese Martoccia di Montalcino
2022 é feito a partir da uva Sangiovese Grosso, a mesma utilizada para produzir
o famoso Brunello di Montalcino. É produzido com técnicas tradicionais,
incluindo a fermentação em aço e o amadurecimento em barricas de carvalho.
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A vinícola Martoccia é uma das mais antigas da região. |
Neste
momento, vale destacar um detalhe. A tradição italiana para o uso da barrica é
diferente da cultura americana. Nesta região, são utilizadas barricas de
carvalho muito grande com muito vinho e bem menos contato com a madeira. O
estágio é, apenas, para o vinho descansar sem absolver as características da
madeira, ao contrário da forma americana de produzir. O resultado é um vinho
elegante e equilibrado, com notas de cereja e frutos silvestres escuros.
Em seguida, iniciamos a degustação dos Chianti, todos da Vinícola Uggiano, com o Poggio Tosco Chianti DOCG 2022. Feito com 90% Sangiovese e 10% Canaiolo e boa capacidade de guarda é um vinho de corpo médio, com notas de frutas vermelhas, especiarias, harmonioso, equilibrado. O segundo foi o Poggio Tosco Chianti Clássico DOCG 2021 que é mais encorpado e aromático, também com ótimo potencial de guarda.
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Provamos um tesouro da Uggiano, o Paxus Ghibello. |
Após a série de Chiantis, provamos outros tesouros da Uggiano, o Paxus Ghibello Governo all’Uso Toscano IGT, um "Passito" feito a partir de uvas Sangiovese, utilizando o método tradicional que envolve a adição de uvas secas ao vinho fresco, o que promove uma segunda fermentação e resulta em um vinho mais concentrado e complexo, com notas de frutas vermelhas, especiarias. O Ghibello no rótulo é mais uma longa história de batalha contra os Guelfos, no século XIII, mas que merecem um capitulo a parte. Em breve retornaremos a este assunto, prometo.
O
último da noite foi o Vino Nobile di Montepulciano Riserva DOCG da Vinícola Riello
Delle Balze, com 72 meses de maturação, feito a partir de uvas Sangiovese,
pertencentes principalmente ao biótipo conhecido como Prugnolo Gentile, e pode
incluir outras variedades de uvas pretas e brancas em até 30%. Um vinho com
estrutura tânica que vai da média à forte, o que o torna particularmente
persistente. Os melhores exemplos devem ter idade de 8-15 anos, enquanto
Reservas podem durar mais de duas décadas.
É
ideal para acompanhar pratos de carnes, massas e queijos, e é recomendado abrir
a garrafa pelo menos de meia hora a uma hora antes da degustação. A temperatura
de degustação ideal é entre 18-20 °C.
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